Para Morin (2000) citado por Martins (2002, p. 27):
À medida que o sujeito atua em seu meio vai se criando uma rede de interações formada por um conjunto de articulações entre teorias, conceitos, crenças e idéias, em continuo processo de elaboração, no qual não há um só conceito ou entidade fundamental. Podemos assimilar, portanto que, o conhecimento não é algo pronto ou acabado, é provisório e interdisciplinar, mutável, sempre pronto a receber novas contribuições e/ou articulações, proporcionando ao sujeito integrar-se à realidade dinâmica que vivenciamos.
Neste cenário, a proposta de EAD, embora em suas concepções epistemológicas possa ainda não estar muito clara para os envolvidos, deve propor mudanças de atitude, no que tange à participação e o compromisso do docente e do discente, pois ambos tornam-se parceiros no processo de aprendizado, interagindo, pesquisando e desenvolvendo-se mutuamente. Portanto, o professorao associar as tecnologias de informação aos métodos de aprendizagem, estará desenvolvendo habilidades relativas ao domínio destas tecnologias, articulando-se com a práxis pedagógica e igualmente, com as teorias educacionais possibilitando ao discente refletir sobre suas próprias práticas, ampliando desta forma, as potencialidades pedagógicas das tecnologias de informação. Percebe-se portanto, que será exigido do aluno participante de programas em EAD, senso crítico e autonomia, uma vez que o mesmo deverá desenvolver mecanismos que possibilitem interagir com esta nova realidade.
Como aponta Perrenoud (2000) citado por Martins (2002, p. 29), o professor mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender, concentrando-se na criação, na gestão e na regulação das situações de aprendizagem.
Inicia-se então um processo que pode ser visto como uma desconstrução, no sentido de que antigos paradigmas começam a desfazer-se e o aluno – juntamente com o docente, se percebe numa posição onde deverá problematizar situações, realizando investigações, propiciando análises e discussões coletivas e reflexões individuais, enfim, buscando soluções. Reside aí, o âmago desta nova cultura docente e discente na EAD: a aprendizagem resulta de um processo de construção elaborado pelo aluno e, o tutor, ao promover a participação, a interação e o confronto de opiniões e ideias, tem também sua autoria enquanto sujeito atuante no sistema. Significa dizer, que os sujeitos perdem sua individualidade em proveito das redes constantes de informações que, a todo o momento, exigem o desenvolvimento de habilidades no uso dos componentes presentes nesta nova cultura. Não podemos conceber EAD utilizando-se apenas do instrucionismo, ou imaginarmos o aluno como alguém passivo que, apenas deverá receber e memorizar informações. Tampouco, transferir a responsabilidade do aprendizado ao aluno como, em alguns momentos, temos percebido, significando dizer que a qualidade das interações propiciadas pelo Tutor também terão responsabilidade e ação diante desse processo (MARTINS, 2002).
É necessário ainda lembrarmos que, em tese, o público alvo da EAD é constituído por adultos ou seja, sujeitos que trazem experiências e conhecimentos adquiridos ao longo de sua trajetória. Neste sentido, o saber necessita estar articulado com sua realidade prática, vivenciada diariamente, pois ao contrário, não haverá motivação para aprender. Acredita-se portanto, ser necessário ao profissional docente que possua conceitos da Andragogia para, desta forma, compreender quem é o aluno adulto. Linderman, citado por Knowles (1980) apresenta algumas características da educação do adulto, as quais serão apenas citadas neste momento: currículo voltado para o interesse do aluno, a relevância da experiência do estudante, não ao ensino diretivo e autoritário, um conceito dinâmico de inteligência e, sobretudo, relação teoria-prática (GUAREZI, 2009).
Tais
(Ana Cristina Salomão
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